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INOVAÇÃO

Quatro pilares que seguem valendo para inovar com sucesso

12 de junho de 2024 - 23:58

Redação Startups, conteúdo exclusivo

*Marcelo Gimenes Vieira, especial para o Startups

Gente, cultura, tecnologia e comunidades – nessa ordem de importância. Pode parecer meio batido, mas esses quatro pilares para a inovação seguem vivos, fortes e rendendo frutos. Essa é a mensagem de um painel realizado na última sexta-feira (7) no Cubo Itaú, espaço de inovação em São Paulo, capital, dedicado ao setor varejista.

O painel fez parte de um evento maior chamado Conexão Varejo, organizado pelo próprio Cubo Itaú e pela vertical de varejo da Associação Catarinense de Tecnologia, a Acate. O objetivo era descobrir quais os caminhos para a inovação para varejistas e startups do setor, e justamente por isso reuniu grandes nomes desse segmento.

Mas acabou acertando um alvo muito maior.

O Startups dividiu essa conversa em quatro partes e traz um resumo para você.

GENTE
Sem gente não há inovação: parece óbvio, mas muitas vezes se esquece. Isso vale inclusive para quem lidera startups, empresas inovadoras e áreas de inovação nas companhias. Segundo Flávia Pini, sócia do venture capital brasileiro focado em varejo HiPartners, o fundador de uma startup é o primeiro aspecto observado pela gestora quando começa um processo de investimento.

“O founder é mais importante que a tecnologia. A gente olha [nos processos seletivos] muito para a pessoa que estão à frente daquela ideia. Depois olhamos para a solução”, explicou ela.

A HiPartners promove um processo seletivo de startups bastante rigoroso: entre os 1,2 mil candidatos analisados desde a formação do último fundo, apenas cinco foram investidas (com meta de chegar a 12 até o fim desse ano).

Para Bruno Guimarães, diretor da vertical de varejo da Acate, cabe ao fundador o papel fundamental de fazer o próprio negócio decolar. E a dica de ouro para esses empreendedores é, bem, trabalhar. E muito.

“Para mim a dica de ouro é fazer o básico bem-feito, a verdade é essa”, sentenciou o executivo. “Saber o que quero e com quem quero fazer negócios e captar investimento. Isso vai aumentar ao máximo a minha probabilidade de fazer negócio”, disse ele, também salientando a necessidade dos fundadores “irem em busca de conhecimento”.

Bruno se refere inclusive a ter uma mentalidade mais realista sobre o ambiente atual de negócios inovadores no mundo. Para ele, o mercado atual de startups é “disfuncional”, porque há um descolamento entre “valores exorbitantes de valuation” e a realidade.

“O empreendedor às vezes não faz essa conta. Prefere estar na capa da Exame falando que captou X milhões. As pessoas criam algumas fantasias sobre o que é empreender”, disse.

CULTURA
Fabio Faccio é CEO da Lojas Renner, gigante nacional do varejo de origem gaúcha. Entrou na companhia como trainee, e por lá continua há pelo menos 25 anos. Para ele, cultura é não só uma força motriz para a inovação como uma razão para a sustentabilidade corporativa que transcende as pessoas, que naturalmente vem e vão.

“Se está na cultura, está na essência, vai permanecer, independente das pessoas”, disse, ao relembrar a história do fundador da companhia, Antônio Jacob Renner. Atualmente a empresa tem escritório de inovação no Instituto Caldeira, hub de inovação gaúcho que ficou embaixo d’água durante o último período de enchentes. Lá estar, defende ele, é uma forma de pertencer ao ecossistema local inovador, além de uma “questão emocional”. Afinal, o Caldeira fica em uma antiga fábrica das organizações Renner.

O executivo disse que inovação é tratada de forma transversal na companhia, sem uma área ou diretor específico. E o processo inovador é feito tanto dentro dos departamentos como por meio de investimentos e aproximação com startups e inovação aberta.

Segundo ele, nos últimos três anos foram implementadas 38 provas de conceito (PoCs) com parceiros diversos, “algumas ainda ativas”. Um fundo de investimento corporativo – o RX Ventures – voltado para o varejo tem horizonte de aplicar R$ 155 milhões nos próximos quatro anos (e desinvestir nos quatro seguintes).

TECNOLOGIA
É óbvio que a tecnologia também importa. Para Flávia Pini, da HiPartners, é importante a base da TI empregada nas soluções. Mas para o varejista o grande determinante é resolver um problema. E ter startups aceleradas e selecionadas por organizações como a dela testando ofertas no varejo é ainda mais positivo.

“Encurta o tempo que ele [o varejista] teria para buscar [soluções], e [fazemos isso] com curadoria. É algo que muda a cultura, ele passa a querer ser um ‘parque de testes’”, disse a executiva. “No fim do dia todo mundo quer ganhar dinheiro, e eu tenho um ecossistema em que meu investido também gera valor para o meu portfólio.”

Bruno Guimarães, da Acate, ressalta que a inovação deve ser um valor transversal para as empresas, e que ela deve fazer parte da estratégia dos C-levels – e essa tem sido a missão da própria Acate em Santa Catarina. O desafio tem sido mostrar que a tecnologia tem potencial para “mexer no ponteiro” das grandes empresas.

“A Acate tem o papel de atuar como facilitadora, colocando todo mundo na mesma página. Às vezes isso inclui levar a corporate para um nível de maturidade em inovação que nem todas tem”, disse.

COMUNIDADE
Por fim, foi bastante ressaltado, durante o painel no Cubo Itaú, o papel das comunidades na busca pela inovação para empreendedores e companhias. “Inovação vira uma potência muito grande através de parceiras e conexões. Inovar sozinho é muito pouco, se perde potência”, ponderou o CEO da Renner sobre a escolha de ter presença não só no Instituto Caldeira, mas o próprio Cubo.

“Tem, claro, a questão da exposição e facilidade de conexão. Trabalhar uma [empresa] com a outra. E essas parcerias geram mais potência”, disse.

A HiPartners também tem presença no Cubo, mas mais recente – cerca de um ano. A organização ficava em um escritório na Vila Olímpia, e usava o espaço como catalisador em reuniões de venture building, mas a pandemia mudou os planos, lembrou Flávia Pini.

“Depois alugamos um novo lugar e nos sentimos em uma ilha. Ficamos longe desse contato [com as startups e o ecossistema]”, contou. A vinda para o Cubo foi pelo potencial do Cubo em se tornar uma “vitrine” para o VC, mas as vantagens foram ainda maiores, principalmente no que diz respeito ao networking.

“A gente não investe em nada que a gente não teste”, disse ela.

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