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No mundo paralelo de Elon Musk, ele é Rei e o CFO da Tesla é o Mestre da Moeda

Além de CEO da Tesla, Musk agora é o Rei da Tecnologia da montadora de carros elétricos. O CFO Zach Kirkhorn acumula a função de Mestre da Moeda. Mais um dia “normal” no universo do empreendedor ler

17 de março de 2021 - 16:24

por André Sollitto

O CEO e, agora, Rei da Tecnologia da Tesla, Elon Musk, e o CFO Zach Kirkhorn, que acumulará a função de Mestre da Moeda

Aparentemente, o cargo de CEO da Tesla não é suficiente para Elon Musk. Agora, ele se autointitulou “Technoking”, ou Rei da Tecnologia, da fabricante de carros elétricos. Zach Kirkhorn, o Chief Financial Officer (CFO) da empresa, também ganhou um novo título: Mestre da Moeda.

Não se trata de um tuíte engraçadinho de Musk, mas bem que poderia fazer parte do roteiro de Game of Thrones, que criava um mundo de fantasia em Westeros, o local fictício onde se desencadeava a ação da premiada séria da HBO.

Os novos títulos foram anunciados em um documento oficial da Tesla enviado à SEC (Securities Exchange Commission), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, o equivalente a CVM no Brasil, nesta segunda-feira, 15 de março.

É mais uma das idiossincrasias de Musk, que parece viver em um mundo paralelo em que títulos e até legislações tradicionais simplesmente não se aplicam a ele.

Em 2018, Musk foi multado pela SEC em US$ 40 milhões depois que escreveu que estava pensando em tornar a Tesla uma empresa privada e vender as ações a US$ 420. Ele também acabou afastado da posição de chairman da Tesla, hoje ocupada por Robyn Denholm.

Para alguns, a jogada de Musk também pode ser uma cortina de fumaça para disfarçar os problemas da empresa. As ações da Tesla, que alcançaram US$ 883 no fim de janeiro deste ano, fecharam cotadas em US$ 707 nesta segunda-feira, 15 de março, uma queda de 19,8% desde então. A empresa vale US$ 680 bilhões.

Uma série de contratempos na produção tem deixado alguns investidores com o pé atrás. Modelos como o Cybertruck, a picape elétrica da Tesla, sofrerão novos atrasos e só devem chegar ao mercado em 2022. A fábrica na China também vem enfrentando problemas no controle de qualidade.

Na semana passada, um incêndio na fábrica de Fremont, na Califórnia, também prejudicou as ações, bem como a divulgação de que ao menos 450 funcionários da montadora ficaram doentes com Covid-19 entre março e dezembro de 2020, quando a produção foi retomada desafiando as medidas de saúde do estado.

Mesmo fora do ambiente corporativo, o empreendedor está acostumado a chamar a atenção. Já apareceu em um podcast fumando maconha, é casado desde 2018 com a cantora Grimes, que recentemente vendeu uma coleção de cripto-arte por milhões de dólares, e até convidou o presidente russo, Vladimir Putin, para uma entrevista na rede social Clubhouse.

A bizarra mudança de título também tirou o foco de outra novidade anunciada pela Tesla. O executivo Jerome Guillen, que presidia a divisão automotiva da Tesla, agora trabalha à frente dos caminhões pesados da companhia. Previstos para 2019, eles não têm data para chegar ao mercado.

Em reunião com investidores em janeiro, Musk afirmou que não faz sentido produzi-los agora, porque precisam de cinco vezes mais baterias do que os veículos normais, mas não custarão o quíntuplo do preço.

Como costuma acontecer com as manifestações do CEO da Tesla, teve gente que achou uma brincadeira sem graça, enquanto uma parcela de seus fãs viu a notícia como o momento em que Elon, o Primeiro, deu origem a uma nova categoria de executivos que deveria ser replicada por outras empresas.

Pode ser que daqui a um mês Musk apareça fazendo piadas sobre a mudança de título e dizendo que tudo não passou de uma brincadeira. Ou então pode anunciar alguma outra jogada ainda mais estapafúrdia, capaz de confundir investidores e causar problemas financeiros à própria empresa, como já aconteceu. Com Musk, nunca dá para ter certeza.

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