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GIC aporta R$ 270 milhões na QI Tech para torná-la uma “Uber dos bancos”

07 de novembro de 2021 - 16:22

Com a rodada liderada pelo Fundo Soberano de Cingapura, a fintech, que atua no modelo de lending as a service, vai investir em aquisições, tecnologia, produtos e preparar o caminho para um IPO

 

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O time da QI Tech: Marcelo Bentivoglio (à esq.), sócio, Pedro Mac Dowell, cofundador e CEO, e Marcelo Buosi, cofundador

Pedro Mac Dowell gosta de fazer um paralelo quando é questionado sobre as ambições da Qi Tech. Fundada por ele, em 2019, a startup oferece o chassi por trás de produtos e serviços financeiros, especialmente na área de crédito, para empresas dos mais variados segmentos.

“Nós vamos ser o Uber dos bancos”, diz o empreendedor, ao NeoFeed. “Assim como eles têm a maior frota do mundo, sem ter nenhum carro, vamos nos tornar a instituição com o maior número de concessão de crédito na América Latina, sem carregar R$ 1 de risco.”

Primeira Sociedade de Crédito Direto a ser aprovada pelo Banco Central, no fim de 2018, a fintech construiu seu caminho, desde então, sem receber um único centavo de investidores. Mas agora entendeu que é a hora de engatar uma nova marcha para transformar o seu plano em realidade.

A startup está anunciando seu primeiro aporte, no valor de R$ 270 milhões, e liderado, integralmente, pelo Fundo Soberano de Cingapura (GIC). “Nós entendemos que é o momento oportuno para trazer um parceiro que nos ajude a colocar gasolina no foguete”, diz Marcelo Bentivoglio, sócio da QI Tech.

Ex-sócio da corretora Link, Mac Dowell decidiu criar a QI Tech quando era CEO da Quatá Investimentos. A fintech atua sob o modelo de lending as a service, ao fornecer a infraestrutura para toda a cadeia de crédito, o que inclui ainda produtos e serviços como conta, pagamentos e transferências.

A startup é o motor que permite a empresas de diferentes setores ofertarem aos seus clientes na ponta diversas modalidades de crédito. Do financiamento automotivo e imobiliário a empréstimos direto ao consumidor e operações com garantia.

Por meio de uma carteira que conta com mais de 100 clientes ativos e nomes como GeruiFood e Vivo Money, serviço de empréstimos pessoais da Vivo, a fintech já movimentou R$ 4 bilhões em operações de crédito de janeiro a outubro, contra R$ 1,2 bilhão em todo o ano passado. E prevê encerrar 2021 com um volume de R$ 4,2 bilhões.

Com a rodada captada, um dos planos é investir em aquisições para reforçar e aprimorar o portfólio. Empresas donas de plataformas de inteligência e análise de dados são alguns dos alvos prioritários dessa estratégia.

“Vamos reservar parte dos recursos para esses acordos e, no momento, já temos duas propostas na mesa, em fase final de negociações”, conta Mac Dowell. “Até o fim do ano, devemos ter novidades nessa área.”

Sob a mesma orientação, a QI Tech também vai investir no desenvolvimento interno de produtos e serviços. “A ideia é cobrir toda a jornada de crédito”, diz Bentivoglio. “Do momento em que o cliente solicita o crédito na ponta até o pagamento da última parcela desse crédito.”

Para isso, a empresa está desenvolvendo sua área de ciência de dados, que será uma das prioridades no plano de expansão do quadro de funcionários. Hoje, a QI Tech conta com cerca de 50 profissionais e planeja chegar a 170 no decorrer de 2022.

A startup também começa a desenhar sua expansão internacional. Essa incursão deve ter início por países da América Latina, mas a companhia não descarta, no médio e longo prazo, desembarcar em outros mercados.

Dentro do plano ambicioso traçado pela QI Tech, essa é uma das escalas essenciais para que a empresa cumpra um outro roteiro: uma abertura de capital na Nasdaq, colocada como meta para o fim do ano de 2023.

“Esse é o nosso objetivo final e a entrada do GIC vai nos ajudar a atravessar fronteiras e também no intercâmbio com os investidores”, diz Mac Dowell. “Antes de dar esse passo, nós enxergamos talvez mais uma rodada, em meados de 2022, para chegarmos ao fim de 2023 com números mais robustos.”

O mercado no qual a QI Tech está inserida, também conhecido como banking as a service, tem atraído cada vez mais rivais e investidores. “Há muito espaço para o surgimento de outros players, especialmente com o viés de lending as a service”, diz Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem.

No plano das empresas que atuam mais focadas em crédito, ele cita nomes como a Focus Financeira, um spin-off da Focus Energia, empresa que abriu capital em fevereiro deste ano. E também a EasyCrédito, que tem a gestora Crescera Capital entre seus investidores.

Já no contexto das diferentes abordagens do banking as a service, há startups como a Dock (ex-Conductor), que também tem investido em uma agenda de aquisições, depois de captar US$ 170 milhões no fim de 2020 junto a fundos como Temasek e Viking Global Investors.

A lista de empresas inclui ainda startups como o FitBank, que já atraiu investidores como J.P. Morgan e CSU, e mesmo bancos e outras empresas do setor, como BVBanco OriginalCiti e HSBC. Além de companhias como o Magazine Luiza e Porto Seguro, que fizeram aquisições nesse espaço.

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