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Capital de giro: como calcular e gerenciar a reserva do seu negócio

28 de janeiro de 2022 - 08:20

O que é capital de giro?

O capital de giro é a reserva que a empresa precisa para funcionar de forma saudável, mantendo a qualidade de suas operações e o pagamento das despesas em dia.

O termo “giro” se refere a toda a movimentação de capital do negócio —  desde o pagamento dos fornecedores até o recebimento das vendas, por exemplo.

Assim, com o valor certo em caixa, o negócio tem “giro” suficiente para manter seu funcionamento e cobrir os custos até a entrada das receitas.

Durante esse ciclo, há recursos que entram (ativos) e outros que saem (passivos) do caixa da empresa. Mas, não se preocupe! É normal ter mais despesas do que fontes de receita em alguns momentos.

O fundamental é ter capital de giro suficiente para bancar as contas do negócio no intervalo entre os pagamentos e recebimentos, a fim de manter o equilíbrio entre ativos e passivos.

Quanto maior for o prazo para recebimento pelas vendas, maior será a demanda por dinheiro em caixa, já que a empresa precisa honrar compromissos como pagar impostos e salários e consertar equipamentos.

Por que empresas necessitam de capital de giro? 

O capital de giro é a base financeira para sustentar qualquer empresa.

Nesse contexto, é muito importante dispor de capital inicial, pois ele não é aplicado apenas na estrutura e no pessoal, mas também na reserva de caixa necessária para começar a operar.

A lógica do empreendedorismo é investir primeiro para ter lucro depois. Mas, isso só é possível quando há capital disponível.

Além de cobrir as despesas do negócio enquanto não entra o dinheiro das vendas, o capital de giro também viabiliza a venda a prazo.

Isso ocorre porque, com reserva suficiente em caixa, a empresa pode sustentar um déficit temporário de recursos. E, com os prazos de pagamento ampliados, as vendas também aumentam.

Além disso, com dinheiro em caixa, se torna mais fácil aproveitar a sazonalidade para antecipar investimentos e compensar o valor com as futuras vendas.

Do contrário, a continuidade das operações é comprometida – ou mesmo interrompida. A empresa também pode deixar de aproveitar boas oportunidades por falta de saldo.

Saber quanto a empresa precisa ter em caixa é essencial para manter as reservas em equilíbrio, o que garante a lucratividade da empresa.

Capital de giro x capital de giro líquido

Antes de entender o que é o que é capital de giro líquido (CGL), é necessário compreender os conceitos de:

  • Ativo circulante: é todo bem ou capital que a empresa já tem ou deve receber em curto prazo (no máximo um ano), como dinheiro em caixa e na conta bancária, aplicações financeiras, duplicatas, contas a receber e itens em estoque;
  • Passivo circulante: é toda dívida ou obrigação que a empresa deve pagar em até um ano, como contas a pagar, boletos de fornecedores, folha de pagamento, impostos, empréstimos etc.

Dessa forma, enquanto o capital de giro se restringe às movimentações operacionais do negócio, o capital de giro líquido considera todos os ativos e passivos de curto prazo, sendo utilizado, na prática, como um indicador de liquidez.

Por exemplo, o cálculo padrão do capital de giro não inclui ativos como aplicações financeiras e saldo atual em caixa, nem empréstimos tomados pela empresa.

Já o CGL leva em conta todas as entradas e saídas – e não somente aquelas diretamente relacionadas às operações, como contas a pagar e a receber.

Por isso, também é chamado de capital circulante líquido e corresponde ao valor que a empresa precisa para honrar todos os seus compromissos financeiros a curto prazo.

Logo, o capital de giro líquido é o indicador mais seguro para calcular se um negócio tem como arcar com suas despesas imediatas ou não.

Como calcular a necessidade de capital de giro?

Na maioria das vezes, os gastos vêm antes dos ganhos – e todo empreendedor precisa calcular a sua necessidade de capital de giro. Assim, é possível saber exatamente o quanto é preciso manter em caixa.

Este valor varia conforme o ciclo da empresa e, quanto mais longo for o prazo de recebimento, maior é o valor necessário.

Por isso, o cálculo do capital de giro deve fazer parte da rotina do negócio, já que é preciso agir rapidamente quando é detectada uma insuficiência de recursos.

Tudo começa com o levantamento e a separação dos custos fixos — aqueles que, se não forem cobertos, impossibilitam a própria existência do negócio, como folha de pagamento, custo de veículos, aluguéis e contas de água, luz e internet.

Somadas essas despesas, é hora de saber o quanto você precisa vender para que elas sejam quitadas e permitam a geração de lucro. E, para isso, você pode usar a margem de contribuição.

Lembrando que quem trabalha com estoques precisa incluir esse ativo na conta e, se for calcular o CGL, deve considerar também empréstimos, aplicações, impostos a recuperar etc.

De modo geral, o valor da reserva deve corresponder a até 60% do total de ativos. Basta usar a fórmula abaixo para calcular esse montante:

Ativos Circulantes (AC) – Passivos Circulantes (PC) = Capital de Giro Líquido (CGL)

Exemplo 

Vamos supor que a sua empresa tenha o seguinte cenário no fim do mês:

  • Ativos circulantes: R$500,00 em caixa, R$2.600 no banco, R$20.000,00 em contas a receber das vendas e R$4.000,00 em estoque;
  • Passivos circulantes: R$4.500,00 para pagar aos fornecedores, R$600 de aluguel, R$300,00 de contas de consumo, R$500,00 de parcela de empréstimo, R$300,00 em impostos e R$6.000,00 em folha de pagamento.

Nesse caso, o cálculo ficaria assim:

R$27.100,00 – R$12.200,00 = R$14.900,00

Logo, a reserva necessária em caixa para garantir os compromissos da empresa mensalmente é de R$14.900,00. Esse dinheiro serve para manter as operações com folga e financiar as atividades do negócio.

Como vimos, o CGL considera todos os ativos e passivos de curto prazo. Porém, também é possível utilizar a fórmula simplificada abaixo, com foco no ciclo operacional financeiro da empresa e que inclui apenas estoque, contas a pagar e a receber:

Valor das Contas a Receber (VCR) + Valor em Estoque (VE) – Valor das Contas a Pagar (VCP) = Capital de Giro (CG)

No exemplo acima, seriam consideradas apenas as contas a receber (R$20.000,00) e as contas a pagar em geral:

  • Fornecedores: R$4.500,00
  • Aluguel: R$600,00
  • Contas de consumo:  R$300,00
  • Folha de pagamento: R$6.000,00
  • Impostos: R$300,00

Logo, o cálculo ficaria:

R$20.000,00 + R$4.000,00 – (R$4.500,00 + R$600,00 + R$300,00 + R$6.000,00 + R$300,00)

R$24.000,00 – R$11.700,00 = R$12.300,00

Como você pode ver, o cálculo simplificado mostra um resultado um pouco abaixo do CGL. Apesar disso, ele ainda é compatível com a necessidade média de capital de giro mensal do negócio.

Como gerenciar o capital de giro?

Os principais objetivos de uma boa gestão do capital de giro são:

  • Manter as reservas em equilíbrio para sustentar as operações do negócio;
  • Prevenir a inadimplência;
  • Evitar a necessidade de recorrer a capital externo (como empréstimos de bancos).

Para alcançá-los, é preciso gerenciar o dinheiro de forma cuidadosa e se atentar a um fato importante: há períodos em que se vende mais e outros menos.

Por isso, a gestão financeira do capital de giro acaba sendo um ponto crítico do negócio.

Imagine que a empresa do exemplo anterior conseguiu manter a reserva de R$12.600,00 durante 6 meses, mas que, no sétimo mês, as vendas caíram 30%.

Nesse caso, para que a meta de capital de giro seja mantida, o gestor precisa tomar medidas de contenção de gastos para evitar a perda das reservas.

Porém, não basta calcular a sobra de todo mês. Também é preciso reavaliar as receitas e despesas continuamente para que os ajustes mantenham a margem necessária para o ciclo do giro.

Principais estratégias

Em resumo, a principal estratégia para manter as reservas da empresa é a redução de custos, que pode ser alcançada com as seguintes ações:

  • renegociar os juros cobrados por empréstimos junto às instituições financeiras;
  • controlar a inadimplência e ter um bom processo de cobrança, para garantir que as compras a prazo sejam pagas;
  • ajustar o recebimento de mercadorias com fornecedores, de maneira que eles sejam vendidos rapidamente e evitem o acúmulo de estoque;
  • revisar anualmente contratos, seja com fornecedores, clientes e bancos, a fim de localizar os pontos a serem renegociados e custos a serem reduzidos.

Além disso, é importante implementar estratégias de vendas para não deixar produtos parados em estoque e evitar o “represamento” dos ganhos.

Para mais dicas de gerenciamento na prática, confira nossos artigos sobre gestão de capital de giro para pequenas empresas e administração de capital de giro.

5 dicas para gerenciar o capital de giro

Antes de tudo, é necessário um bom planejamento para gerenciar todos os gastos da empresa, assim como a entrada de dinheiro previsto.

Para ajudar os empreendedores nesse processo, separamos algumas dicas sobre como gerenciar melhor o capital de giro. Veja quais são elas:

1. Identifique e corte gastos desnecessários

É muito importante que você descubra quais gastos podem ser reduzidos – ou até mesmo cortados. Porém, cuidado para não prejudicar a operação e a qualidade do que é oferecido aos seus clientes.

2. Tenha disciplina

Outro ponto fundamental é não utilizar o capital de giro para cobrir alguma despesa e deixar de repor a quantia, quando tiver o dinheiro.

Apesar de algo simples, esse pode ser o começo da ruína financeira do seu negócio.  Portanto, seja criterioso com o seu controle do capital de giro e evite riscos futuros.

3. Negocie com fornecedores e clientes

Seja solicitando descontos para pagamentos à vista ou aumentos de prazos, negocie com seus fornecedores. Já com os clientes, tente ao máximo reduzir os financiamentos, mesmo sendo algo difícil.

4. Antecipe pagamentos a receber

Para que você tenha mais dinheiro em caixa, outra alternativa é buscar instituições financeiras que ofereçam a antecipação de recebíveis.

No entanto, é preciso tomar cuidado! Em alguns casos, a taxa de juros cobrada pode ser muito alta e não vale a pena.

5. Se necessário, faça um empréstimo

O empréstimo, às vezes, é visto como vilão por muitos empreendedores. Porém, se você estiver precisando de dinheiro para capital de giro e tiver dívidas, optar por essa linha de crédito pode ser interessante.

Mas, fique atento para isso não se tornar uma regra! Afinal, os empréstimos devem ser feitos apenas como última alternativa, visto que apresentam altas taxas de juros.

Capital de giro e autofinanciamento

Como vimos, um dos principais objetivos da gestão é reduzir ao máximo a necessidade de capital de terceiros, evitando assim a cobrança de juros e o aumento de custos.

Mas, o cenário ideal é sempre o autofinanciamento, ou seja, a capacidade de aplicar apenas recursos próprios na operação da empresa.

Quando a situação aperta, o empreendedor procura linhas de crédito para financiar seu capital de giro, que costumam ter taxas menores e condições especiais nos bancos.

Mesmo assim, esses empréstimos são formas de endividamento que prejudicam a lucratividade do negócio.

Logo, é mais vantajoso se autofinanciar, pois você não precisa recorrer ao dinheiro de terceiros e pode reinvestir o que sobrar no negócio, em vez de pagar juros e prestações.

No mercado, existem startups que praticam o chamado bootstrapping. Este é o ato de lançar a empresa apenas com recursos próprios, sem depender do dinheiro de investidores e aceleradoras, como ocorre normalmente.

É um caminho mais difícil e o crescimento pode ser mais lento, mas vale a pena não ter que dividir os lucros quando o negócio dá certo.

Então, se você tiver essa possibilidade, opere com capital próprio e construa um negócio autossustentável.

Receita recorrente: qual o impacto no capital de giro?

receita recorrente se dá quando o cliente tem a possibilidade de realizar o pagamento de um produto ou serviço através de mensalidades, como em planos por assinatura.

Esse formato de pagamento permite que a empresa tenha maior controle do seu capital de giro, já que é possível prever quanto receberá em determinado período. Ou seja, é um capital previsível que pode impulsionar o fluxo de caixa e dar estabilidade financeira à empresa.

Vale destacar que os benefícios da receita recorrente não são sentidos apenas no seu negócio: o cliente também se beneficia.

Além de reduzir a taxa de inadimplência, que pode chegar a 0% pelo cartão de crédito, também permite que os consumidores organizem melhor o seu orçamento.

E quando se tem um sistema para apoiar esse processo, os custos com cobranças são menores. Afinal, não é necessário uma equipe inteira para cobrar os inadimplentes, que são avisados automaticamente.

Saiba mais sobre receitas recorrentes aqui!

Gerencie seu capital de giro com a Conta Azul

Manter seu capital de giro em equilíbrio é muito mais fácil quando você usa um sistema de gestão financeira inteligente, como o da Conta Azul. Em uma plataforma 100% online, você pode:

  • Acompanhar de perto o fluxo de caixa e obter relatórios diários, mensais e anuais;
  • Controlar suas contas a receber e organizar os lançamentos de receita prevista;
  • Gerenciar clientes inadimplentes e otimizar seu processo de cobrança;
  • Monitorar suas contas a pagar e analisar a fundo custos e despesas do negócio;
  • Calcular o prazo médio de pagamento e recebimento;
  • Ter acesso a relatórios completos sobre as movimentações financeiras da empresa, como DRE Gerencial, análise de pagamentos e recebimentos, giro de estoque e posição de contas.

Com todos esses dados, é só calcular a necessidade de capital de giro da sua empresa e reavaliar as metas mês a mês.

E o melhor de tudo: suas informações financeiras são compartilhadas automaticamente com seu contador, facilitando o serviço de consultoria e apoio à tomada de decisão.

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