Um hábito comum de muitos brasileiros antes da pandemia de covid-19 está voltando à tona: os passeios em shopping centers. O fluxo de visitantes nos centros de compras subiu mais uma vez em setembro de 2022. É o que mostra o levantamento do IPV (Índice de Performance do Varejo), organizado pelo venture capital HiPartners Capital & Work, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Os dados são provenientes das empresas FX Data Intelligence, plataforma de monitoramento da jornada do consumidor e da performance da operação no varejo físico; F360°, plataforma de gestão financeira para pequenos e médios varejistas; e Harmo, plataforma de feedback intelligence, que integra gestão de reputação on-line de estabelecimentos off-line – todas investidas da HiPartners.

O estudo é chancelado pela 4intelligence, empresa que desenvolve plataformas de inteligência para o mercado B2B e que também é responsável pela metodologia das análises, garantindo mais equilíbrio ao estudo e agregando outros índices para ratificar a sinergia com distintos benchmarks do mercado, como a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) e os Reports do Google Community Mobility.

A quantidade de consumidores em shopping centers cresceu 3% na comparação com agosto de 2022. É o terceiro mês consecutivo em alta – a última queda mensal foi registrada em junho. Apesar disso, a quantidade de pessoas especificamente nas lojas dos centros de compras caiu 1%, enquanto as localizadas em ruas recuaram 8%. A movimentação das lojas físicas também foi menor, com 5% abaixo do que foi registrado no mês passado.

Entretanto, no comparativo anual, o crescimento se manteve em 2022. A presença de consumidores subiu 9% nas lojas físicas e 13% nos shopping centers em relação a setembro de 2021. No acumulado do ano, a alta é de 32% para os centros de compras e 30% para as lojas físicas. Os estabelecimentos nos centros de compras tiveram desempenho melhor na comparação com o mesmo mês do ano passado – alta de 20%, enquanto as de rua se mantiveram estáveis.

As vendas caíram em agosto. A quantidade de cupons (boletos gerados) recuou 6% para as lojas de rua e 3% em shopping centers no comparativo com agosto deste ano. O faturamento caiu 7% para os estabelecimentos situados na rua e se manteve estável nos centros de compras. Em relação a setembro de 2021, os cupons subiram 21% para lojas de rua e 17% para as de shopping centers, enquanto o faturamento cresceu 24% e 13%, respectivamente.

“Observa-se um pequeno sinal de recuperação em relação ao período pré-pandêmico. Ainda que os indicadores continuem abaixo dos registrados em 2019, a queda foi menos intensa do que no índice de agosto. Além disso, o bom desempenho dos shopping centers explica-se pela base de comparação mais comprimida em 2021”, afirma Flávia Pini, sócia da HiPartners Capital & Work.

Entre os segmentos, o único com percentual positivo é “departamento”, com 1% de crescimento na visitação no levantamento mensal em setembro de 2022. No levantamento anual, destaque para “beleza”, “moda” e “calçados”, que subiram, respectivamente, 39%, 17% e 10%.

“Setembro foi um mês de altos e baixos para o varejo brasileiro, notamos alguns segmentos com retomadas e crescimento e outros com queda. Os dados do IPV mostram esta instabilidade que ainda observamos no consumo das famílias brasileiras. Para o 4º trimestre, a expectativa é de um crescimento mais uniforme devido aos eventos sazonais e os efeitos da copa do mundo”, explica Eduardo Terra, presidente da SBVC.

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, aponta para normalização das análises nos próximos meses. “A vacinação avançou, o que fez a pandemia ser controlada em grande parte do ano. Isso vai ajudar a mostrar o real desempenho do varejo brasileiro nos próximos meses, principalmente com o ‘super’ último trimestre se aproximando”.

Confira outros destaques do levantamento de agosto do IPV (Índice de Performance do Varejo):

• Queda de 0,04 no RRI (Reputation Rating Index) em shopping centers em relação a agosto de 2021, chegando a 9,14 em setembro de 2022.
• As lojas físicas da região Sul registraram o maior crescimento no fluxo de consumidores em relação a setembro de 2021, com 17%.
• No comparativo mensal de lojas físicas, todas as regiões tiveram queda no fluxo. O maior recuo aconteceu no Nordeste e Centro-Oeste, com -8% cada.
• Os shopping centers da região Nordeste registraram a maior alta no fluxo de consumidores no comparativo anual, com 41%.
• A categoria “eletroeletrônicos” teve a maior queda em relação a setembro de 2021, com -26%.