No entanto, mesmo sendo uma das maiores organizações de tecnologia do mundo, o Google não está isento de sofrer efeitos negativos, incluindo processos internacionais. Recentemente, o estado do Texas, EUA, está processando a empresa por suposta coleta indiscriminada de dados biométricos.

Ken Paxton, procurador-geral do estado, processou o Google nesta quinta-feira (20) por violar a lei de privacidade biométrica do Texas. Isso se deve ao fato de que, alegadamente, a empresa estaria capturando impressões de voz e reconhecimento facial dos usuários de Android, e também de usuários de outros sistemas operacionais de smartphones que estejam logados em contas Google, como o Gmail, por exemplo, sem seu consentimento.

A ação configura violação da Lei de Captura ou Uso do de Identificador Biométrico do estado. Vozes podem ser capturadas através de alto-falantes de dispositivos móveis, e imagens são processadas e armazenadas pelo Google Fotos. Nela está descrito também o Nest Hub Max, um monitor doméstico inteligente do Google com uma câmera embutida, que funciona como uma espécie de “Olho de Sauron”, observando e identificando rostos.

Essa não é a primeira vez que o Texas move uma ação contra o Google. Desde 2009, o estado, que é um dos poucos dos Estados Unidos a ter leis de proteção de dados biométricos, se posiciona contra a gigante da tecnologia. Até o momento, o Google não se pronunciou oficialmente sobre o processo.

Paralelamente, a Comissão de Concorrência da Índia (CCI) multou o Google em US$ 162 milhões por monopólio abusivo no mercado de smartphones. A Índia é o segundo país com maior número de usuários de smartphones do mundo, ficando atrás apenas da China, e possui quase 95% do mercado dominado por aparelhos com o sistema operacional Android.

Segundo a Comissão de Concorrência do país, o Google configurou o sistema para vir com aplicativos pré-instalados da marca e excluir a concorrência de aplicativos paralelos aos seus mais populares, como Chrome e Youtube.

Organizações Infinitas, como as Big Techs, têm como um dos principais focos a dominância através do monopólio, seja ele comercial ou cultural. A questão levantada na Nova Economia vai além da legislação; os governos agora preocupam-se com a influência dominadora de empresas detentoras das redes sociais e meios de comunicação, pois sabem que isso afeta positivamente ou negativamente o comportamento de seus usuários, podendo refletir até mesmo em decisões políticas da população.

No mais, o uso de dados dos usuários também é pauta central das discussões de empresas relevantes. Hoje em dia, é praticamente impossível oferecer produtos e serviços de qualidade sem utilizar-se das informações fornecidas pelos clientes ou clientes em potencial.

Tendo acesso aos padrões de consumo e interesses do público, é possível oferecer-lhes serviços e produtos mais adequados a cada tipo de perfil; na era da servicilização, é um prato cheio para quem deseja aumentar o lifetime value com os clientes e investir em UX. A dúvida que permeia o campo empresarial é: até que ponto a captação e utilização dos dados interfere na ética e liberdade individual, ou é benéfica para ambos (empresas e clientes)?

Se você se interessa por discussões como essa, aproveite para conferir o Podcast Organizações Infinitas, onde nossos sócios e autores do best seller sempre levantam questionamentos e debates acerca dos problemas mais relevantes e atuais enfrentados pelas startups e Big Techs.