A reabertura da economia e o avanço da vacinação têm levado os brasileiros de volta aos shoppings centers. O número de visitas aos empreendimentos, porém, está menor, em comparação ao ritmo de antes da pandemia.
As barreiras são basicamente duas: a maioria dos consumidores ainda aguarda a segunda dose para se sentir mais confortável e a maior parte ainda tem trabalhado de casa ou no modelo híbrido, o que reduz o incentivo.
Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa encomendada pelo Bank of America e realizada pela SurveyMonkey, com mil entrevistados. Os números foram publicados em relatório divulgado nesta sexta-feira, dia 3 de setembro.
De acordo com o levantamento, 81% das pessoas já voltaram a sair de casa para ir aos shoppings, acima dos 75% registrados em dezembro do ano passado. Há um ano, o nível era de 48%. Desses, contudo, 79% estão fazendo isso com menos frequência. O volume daqueles que vão mais de uma vez por semana, por exemplo, caiu de 59%, antes da pandemia, para os atuais 19%.
Segundo a pesquisa, só um terço dos entrevistados já estão completamente vacinados, entre os quais, 62%, há menos de um mês. Entre os que só tomaram a primeira dose, 58% também foram vacinados em um período inferior a 30 dias.
“Das pessoas parcialmente vacinadas, 84% precisam de uma segunda injeção para se sentirem confortáveis em shoppings”, ressaltam os analistas.
Além disso, a adesão ao home office também tem prejudicado as visitas, uma vez que uma parte das pessoas tem o hábito de aproveitar intervalos de trabalho para sair do escritório e ir ao shopping, seja para almoçar ou fazer alguma compra.
Entre os que seguem trabalhando de casa, 22% não estão visitando os shoppings. A proporção cai a 12% quando se faz a mesma pergunta aos que já voltaram ao escritório. Segundo a pesquisa, 32% dos entrevistados ainda trabalham em casa e 21% estão no modelo híbrido, indo ao escritório apenas em alguns dias da semana.
A pesquisa mostra também que, quando a pandemia acabar, a prioridade dos consumidores será ir aos shoppings para atividades de lazer (cinema, por exemplo) ou para comer em restaurantes, com 50% das respostas, em vez de simplesmente procurar uma loja para comprar um produto. “O lazer deve se tornar o motor de tráfego mais relevante no pós-pandemia, superando os restaurantes”, espera o BofA.
O levantamento indica ainda que os mais ricos devem liderar o retorno aos shoppings. Na alta renda, 79% estão gastando pelo menos a mesma quantidade de antes da pandemia, entre os quais, 48% já estão indo além. Entre as pessoas de baixa renda, 63% estão consumindo pelo menos o mesmo.
“São dados que apoiam nossa visão para os shoppings. Esperamos que aqueles que são focados no consumidor de alto padrão tenham uma recuperação mais rápida”, afirmam os analistas do banco americano.
Apesar de o retorno ainda não ter sido completo, o setor já tem mostrado desempenho próximo ao de antes da pandemia. O Iguatemi, por exemplo, publicou uma prévia para o mês de julho na qual indica que as vendas já superam em 5% o patamar de igual mês de 2019, antes da pandemia. Até junho, os números ainda estavam abaixo.
Na rede de shoppings da Multiplan, além de a operação ter saltado de 41% em abril para quase 100% do horário regular em julho, a receita com locação no segundo trimestre ficou 2% acima de igual período de 2019, no pré-pandemia.
Os shoppings também devem se aproveitar um pouco da desaceleração do e-commerce, segundo a pesquisa do BofA. De acordo com o levantamento, quase a metade dos entrevistados pretende reduzir as compras que fazem pela internet para favorecer a experiência das lojas físicas.
Ainda assim, o e-commerce também é visto como um aliado. Há duas semanas, a Aliansce Sonae, um dos principais grupos de shopping centers do mercado brasileiro, anunciou o plano de investir R$ 200 milhões em startups, por meio da recém-criada Alsotech, seu braço de corporate venture capital, focado no conceito “figital”, que mistura as experiências do físico com o digital.
Uma das investidas foi anunciada nesta sexta-feira, dia 3: a Hubsell, uma startup que atua como um hub de integração, conectando lojistas às plataformas de comércio eletrônico e de marketplace. O valor do investimento não foi revelado.